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quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Em terra de cegos



Em rápida sequência, passaram pelo Brasil os presidentes de Israel, Shimon Peres, da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e do Irã, Mahmoud Ahmadinejad. Os três parecem acreditar que o governo brasileiro pode ter alguma influência sobre os impasses do Oriente Médio, depois de frustradas as expectativas de uma iniciativa relevante de Washington.

Lula recebeu bem a todos, reafirmou o direito do Irã a um programa nuclear pacífico, de Israel à paz dentro de suas fronteiras e da Palestina à independência. Prometeu retribuir as três visitas e convidou gregos e troianos das margens do Jordão a unirem forças contra a seleção canarinho em um inédito combinado. O treinador, se conseguir levar a proposta, merecerá o Nobel da Paz mais que o presidente dos EUA.

A recepção a Ahmadinejad pode ter sido uma “cotovelada” em Barack Obama e ter contribuído para minar o esforço do Ocidente para isolar o regime iraniano, como disse o New York Times. Mais discutível é se, como insistiu esse jornal e outros dos EUA e da Europa, tenha enfraquecido a projeção internacional do Brasil ao “macular” sua imagem e mostrar que “ainda não pode ser levado a sério como um personagem no cenário internacional”, como quis um deputado de Washington.

Horas antes da chegada do iraniano, Obama enviou um aparentemente inábil fax de duas páginas e meia a Lula cobrando sua posição quanto a direitos humanos e ao programa nuclear Irã e justificando as atitudes dos EUA em Honduras, OMC e Copenhague. O teor exato não foi revelado, mas caiu mal no Planalto. O assessor Marco Aurélio Garcia disse entender que o presidente dos EUA enfrenta dificuldades internas, mas ainda assim é uma decepção e foi lamentável sua atitude de legitimar o golpe em Honduras. No dia seguinte, o chanceler Celso Amorim jogou água na fervura: “Eles estão no Norte e nós no Sul. Vemos as coisas de maneira diferente, mas não há razões para tensão”.

Lula e a diplomacia brasileira ganharam importância não por acatar as opiniões das potências ocidentais, mas por conduzir uma política independente, respaldada em um arco de alianças mais amplo que o (cada vez mais relativizável) “Ocidente Desenvolvido” e por uma economia que reduziu sua dependência da boa vontade dos países ricos e de suas agências. Como apontou a revista Time, é natural para Lula defender o direito do Irã à mesma tecnologia nuclear que o Brasil possui e usa, e “isso o põe em alguma parte entre os dois lados – justo onde um mediador gosta de estar”.

Não se sabe exatamente quais questões Obama tinha em mente em abril, ao saudar efusivamente Lula e qualificá-lo como “o político mais popular da Terra” na reunião do G-20, mas não estava apenas brincando – e certamente não teria motivos para dizer isso se esse governo brasileiro tivesse sido tão cordato e submisso quanto o foram alguns dos que o precederam.

A própria importância da cúpula, que substituiu a do G-8 como principal fórum da economia global, foi uma consequência indireta da decisão do Brasil de articular um bloco de vinte e poucos países periféricos na reunião de Cancún de agosto de 2003, para se contrapor ao G-8 e sua pretensão de abertura unilateral dos mercados periféricos. Foi seguido pelo bloqueio da iniciativa estadunidense da Alca no fim desse ano e acompanhado por uma ofensiva para aprofundar laços diplomáticos e comerciais com países periféricos de todo o mundo e aliar o Mercosul aos demais países da América do Sul.

Durante anos, esses esforços foram continuamente atacados pela oposição brasileira e desvalorizados pela imprensa internacional. Às vésperas da eleição presidencial de 2006, The Economist fazia eco à propaganda tucana ao falar de “encolhimento do Brasil”, dar o país como “espectador irrelevante” dos acontecimentos na América do Sul e considerar sua política externa uma “confusão”, dando como exemplo o esforço de aproximação de países africanos, do Oriente Médio e da Ásia, “com resultados esquálidos”. A “voz mais forte” da América Latina não era Lula e sim Chávez, que exercia a liderança pretendida pelo Brasil e o “humilhara” na Bolívia. Chegou a opinar que Lula devia reeleger-se “de maneira notável, embora talvez injustificada”.

Em dezembro de 2008, a revista reconhecia a contragosto o equívoco: “O Brasil de fato tornou-se muito mais influente”. A tão desdenhada Unasul fora fundada, lidara com conflitos entre Colômbia e Equador e na Bolívia sem interferência dos EUA ou da OEA, e na Cúpula dos Povos do Sul de Salvador, em dezembro, os 33 países da América Latina e do Caribe se reuniam, pela primeira vez na história, sem a presença dos EUA ou de europeus. A revista julgava ser uma anomalia temporária, resultante de os EUA estarem no fim de uma “Presidência desastrosa”. Em 2009, previa The Economist, “os EUA terão um popular novo líder que sem dúvida será o astro da Cúpula das Américas em abril”. Nas previsões para O Mundo em 2009, ignorou o G-20 e previu: “O Brasil vai continuar a se sair melhor que o México, mas nenhum dos dois se sairá bem”.

Meses depois, Obama, de mãos vazias, não conseguiu roubar o show na Cúpula das Américas e o G-20 tornou-se o foco das atenções. O México, por excesso de dependência dos EUA e de fidelidade ao modelo neoliberal, sofria a pior crise da América Latina e o Brasil, graças à recuperação do papel do Estado na economia, aos programas sociais e à diversificação de laços externos, tornou-se exemplo de superação da crise. O índice de desemprego voltou à normalidade antes do fim do ano, enquanto o dos EUA atingiu um patamar não visto desde o segundo choque do petróleo e continuava em alta.

Em setembro, quando da Assembleia da ONU, a revista estadunidense Newsweek repetiu o diagnóstico de Obama e destacou o presidente do Brasil como “astro da ONU”. A concorrente Time descreveu o País como “primeiro contrapeso real aos EUA no Ocidente” e a alemã Der Spiegel como o “gigante gentil” pela pressão não violenta contra o golpe em Honduras.

Depois que Lula ajudou a convencer o Comitê Olímpico a escolher o Rio de Janeiro para 2016, apesar do lobby simultâneo de Obama pela favorita Chicago, os jornais britânicos The Independent e Financial Times, a revista The Economist e o jornal espanhol El País destacaram matérias sobre a prosperidade e a crescente importância internacional do Brasil.

Em novembro, o País continuou em destaque na conferência da FAO sobre a fome em Roma e nos preparativos para o encontro em Copenhague. A revista Der Spiegel cobre a transposição do rio São Francisco, descreve Lula como o “pai dos pobres” que deflagrou um “milagre econômico” (aparentemente inconsciente das conotações históricas polêmicas e opostas das duas expressões no Brasil) e cita o País como “o astro do BRIC”.

Objetivamente, o Brasil e seu comportamento na arena internacional não mudaram entre 2008 e 2009. Seu crescimento neste ano não será espetacular e os problemas de sua diplomacia, incluindo atritos com vizinhos e dificuldades em articular acordos comerciais mais estáveis e abrangentes, continuam mais ou menos os mesmos. Alteraram-se de maneira inesperada, porém, os paradigmas e as referências que o avaliavam.

Primeiro, morreram o Consenso de Washington e o dogma de que a prosperidade seria garantida pela adesão à globalização neoliberal e pela expansão do consumo dos países ricos. Foi-se o projeto de desenvolvimento dependente que norteou a diplomacia brasileira antes de Lula e continuou a servir de referência a países como o México. Com uma política comercial voltada a mercados periféricos em rápido crescimento e uma política social de inclusão, o Brasil pôde exportar para a China e outros países da Ásia e África ou vender para sua própria classe baixa ascendente o que perdeu no comércio com os EUA e Europa. Enquanto os países do Norte perdiam o dito-cujo, a política Sul-Sul deixou de ser uma anomalia para indicar uma direção viável.

Segundo, a hegemonia econômica e financeira do Norte foi subitamente abalada, deixando-os com pouco a oferecer às elites dos países periféricos. Os EUA não têm mais um mercado em rápido crescimento e precisa cortejar a China e outros países com reservas acumuladas como o Brasil (hoje quarto maior credor dos EUA) para financiar seu déficit explosivo e ajudar (com a intermediação do FMI) a conter a crise nas economias mais frágeis, como as da Europa Oriental.

Terceiro, mas não menos importante, a coesão política interna do Norte se enfraqueceu. Embora inicialmente visto com muita simpatia, Obama mostra-se incapaz de dar um novo rumo às relações exteriores dos EUA.

Como Lula no início do mandato, Obama herdou do governo anterior uma grave crise econômica e uma oposição intransigente. Para governar em minoria, Lula cedeu ao capital financeiro e abriu mão de grande parte de seus objetivos de política econômica (para só retomá-las no segundo mandato, parcialmente), mas manteve a iniciativa na política social e desde o início conduziu as relações internacionais como pretendia.

Já Obama, apesar de deter teoricamente a maioria nas duas casas do Congresso, cedeu em quase tudo e mais visivelmente na política externa. Desistiu de fechar a prisão de Guantánamo no prazo prometido, de promover uma nova liderança no Afeganistão, de conter o envolvimento militar no Oriente Médio, de comprometer-se com acordos ambientais, de pressionar Israel por um acordo com a Autoridade Palestina e de mudar o relacionamento com a América Latina.

Em artigo recente, o economista Jeffrey Sachs afirma que “a crise de governança dos EUA é a pior na história moderna e provavelmente se agravará nos próximos anos. A agenda de Obama está paralisada e as divisões ideológicas vão se aprofundando. O processo político, em si, está quebrado”.

Um exemplo foi a crise em Honduras. Embaixadores e porta-vozes dos EUA se contradisseram, mostrando dificuldade da Casa Branca de decidir ou de impor uma política. O Departamento de Estado depois pareceu apoiar a exigência dos latino-americanos de um acordo para legitimar as eleições – mas depois o traiu por um preço irrisório. Democracia e relações de confiança com a América Latina mostraram valer menos para a Casa Branca do que um funcionário de segundo escalão – Arturo Valenzuela, que os republicanos aceitaram para subsecretário para a América Latina em troca do reconhecimento do golpe.

Rebatizado o regime golpista de Roberto Micheletti de “governo de unidade nacional”, Obama prometeu reconhecer as eleições, apesar da repressão de manifestações, detenções ilegais, assassinatos políticos e fechamento de canais antigolpistas. Somada à insistência nas bases na Colômbia, a decisão decepcionou os latino-americanos moderados e enfureceu os radicais, cada vez mais convencidos da inevitabilidade do confronto armado.

A União Europeia está paralisada de forma ainda mais estrutural pela falta de consenso entre integrantes para conduzir uma política externa consequente. A China, embora tenha o porte econômico de superpotência, ainda não age como tal. Todas as potências, mais ou menos afetadas pela crise, estão ocupadas demais em puxar a brasa para as subitamente escassas sardinhas para pensar em propor um novo modelo e dispor-se a liderá-lo.

Entre diplomacias imediatistas, enredadas em conflitos partidários e regionais em torno de interesses econômicos imediatos e mesquinhos, o Brasil de Lula e Amorim ousou com habilidade. Fez da falta de ambições militares e da necessidade de ampliar laços com o mundo a partir de uma posição intermediária entre as dos países mais ricos e os mais pobres uma alavanca para se tornar um interlocutor – e eventualmente mediador – aceitável por todos, capaz de ocupar o espaço diplomático esvaziado de autênticas lideranças globais e articular as alianças mais diversas.

Isso coloca Lula e o Itamaraty, vez por outra, em companhias moralmente pouco recomendáveis. O governo brasileiro poderia mostrar mais disposição de combater as violações de direitos humanos no cenário internacional. Sem deixar de expor a hipocrisia e a seletividade de países desenvolvidos quanto a direitos internacionais e humanos, demasiadas vezes distorcidos por critérios desiguais que os reduzem a meros pretextos para justificar seus objetivos.

Corrupção é pretexto para negar ajuda econômica a países pobres e lhes impor políticas de desregulamentação e privatização exigidas pelo FMI, mas não para reduzir a ajuda econômica e militar aos amigos. Aliados – como Israel, Arábia Saudita, Afeganistão, Colômbia, Egito e Paquistão, entre outros – podem cometer os mesmos atos de agressão a vizinhos, proliferação nuclear, repressão ao próprio povo, fraude eleitoral e cumplicidade com o narcotráfico que servem de pretexto para justificar sanções, ameaças e intervenções contra regimes que contrariam seus interesses estratégicos. E ainda ganham pontos ao oferecer os serviços de seus torturadores aos países ricos quando eles julgam necessário esquecer os direitos humanos e a lei internacional ao lidar com seus inimigos. Esse modelo não é o norte moral que sirva ao Itamaraty.
Antonio Luiz Monteiro Coelho da Costa

http://www.cartacapital.com.br/app/materia.jsp?a=2&a2=8&i=5567

Caixa bate recorde no crédito imobiliário com R$ 39 bi no ano


03/12/2009 - 10h48
Caixa bate recorde no crédito imobiliário com R$ 39 bi no ano

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TATIANA RESENDE
da Folha Online
O financiamento habitacional da Caixa Econômica Federal bateu novo recorde ao emprestar R$ 39 bilhões neste ano até novembro, quase o dobro (93%) do registrado no mesmo período em 2008, beneficiando 756.507 famílias, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pela instituição financeira.

Renda e crédito reduzem deficit habitacional no país pelo 2º ano
Crédito ao consumidor abre 2010 aquecido, mas deve desacelerar
Consumidor acessa crédito mais barato

Os empréstimos com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) registraram crescimento de 46%, chegando a R$ 14,9 bilhões no período, valor suficiente para atender 245.229 famílias.

Já com recursos próprios foram contabilizados 412.327 contratos, totalizando R$ 20,3 bilhões, com expansão de 134% e 119%, respectivamente.

No Estado de São Paulo, 150.634 unidades foram financiadas pela Caixa --responsável por 74% dos empréstimos habitacionais no país--, totalizando R$ 10 bilhões, ante R$ 6,54 bilhões.

O programa Minha Casa, Minha Vida recebeu em todo o país, até o último dia 30, 2.763 propostas de empreendimentos com 567 mil moradias. Desse total, 322.300 imóveis são para famílias com renda de até três salários.

A meta do programa federal é construir um milhão de moradias para famílias com renda de até dez salários mínimos, sendo 400 mil para a faixa que recebe até três salários mínimos e concentra a maior parte do deficit habitacional do país.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u661141.shtml

Globalização


Globalização
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A globalização é um dos processos de aprofundamento da integração econômica, social, cultural, política, que teria sido impulsionado pelo barateamento dos meios de transporte e comunicação dos países do mundo no final do século XX e início do século XXI. É um fenômeno gerado pela necessidade da dinâmica do capitalismo de formar uma aldeia global que permita maiores mercados para os países centrais (ditos desenvolvidos) cujos mercados internos já estão saturados. O processo de Globalização diz respeito à forma como os países interagem e aproximam pessoas, ou seja, interliga o mundo, levando em consideração aspectos econômicos, sociais, culturais e políticos. Com isso, gerando a fase da expansão capitalista, onde é possível realizar transações financeiras, expandir seu negócio até então restrito ao seu mercado de atuação para mercados distantes e emergentes, sem necessariamente um investimento alto de capital financeiro, pois a comunicação no mundo globalizado permite tal expansão, porém, obtêm-se como conseqüência o aumento acirrado da concorrência.
História

A globalização é um fenômeno capitalista e complexo que começou na época dos Descobrimentos e que se desenvolveu a partir da Revolução Industrial. Mas o seu conteúdo passou despercebido por muito tempo, e hoje muitos economistas analisam a globalização como resultado do pós Segunda Guerra Mundial, ou como resultado da Revolução Tecnológica.
Sua origem pode ser traçada do período mercantilista iniciado aproximadamente no século XV e durando até o século XVIII, com a queda dos custos de transporte marítimo, e aumento da complexidade das relações políticas européias durante o período. Este período viu grande aumento no fluxo de força de trabalho entre os países e continentes, particularmente nas novas colônias européias.
Já em meio à Segunda Guerra Mundial surgiu, em 1941, um dos primeiros sintomas da globalização das comunicações: o pacote cultural-ideológico dos Estados Unidos incluia várias edições diárias de O Repórter Esso , uma síntese noticiosa de cinco minutos rigidamente cronometrados, a primeira de caráter global, transmitido em 14 países do continente americano por 59 estações de rádio, constituindo-se na mais ampla rede radiofônica mundial [1].
É tido como início da globalização moderna o fim da Segunda Guerra mundial, e a vontade de impedir que uma mostruosidade como ela ocorresse novamente no futuro, sendo que as nações vitoriosas da guerra e as devastadas potências do eixo chegaram a conclusão que era de suma importância para o futuro da humanidade a criação de mecanismos diplomáticos e comerciais para aproximar cada vez mais as nações uma das outras. Deste consenso nasceu as Nações Unidas, e começou a surgir o conceito de bloco econômico pouco após isso com a fundação da Comunidade Européia do Carvão e do Aço - CECA.
A necessidade de expandir seus mercados levou as nações a aos poucos começarem a se abrir para produtos de outros países, marcando o crescimento da ideologia econômica do liberalismo.
Atualmente os grandes beneficiários da globalização são os grandes países emergentes, especialmente o BRIC, com grandes economias de exportação, grande mercado interno e cada vez maior presença mundial[2]. Antes do BRIC, outros países fizeram uso da globalização e economias voltadas a exportação para obter rápido crescimento e chegar ao primeiro mundo, como os tigres asiáticos na década de 1980 e Japão na década de 1970[3].
Enquanto Paul Singer vê a expansão comercial e marítima européia como um caminho pelo qual o capitalismo se desenvolveu assim como a globalização, Maria da Conceição Tavares aposta o seu surgimento na acentuação do mercado financeiro, com o surgimento de novos produtos financeiros.
Impacto



A característica mais notável da globalização é a presença de marcas mundiais
A globalização afeta todas as áreas da sociedade, principalmente comunicação, comércio internacional e liberdade de movimentação, com diferente intensidade dependendo do nível de desenvolvimento e integração das nações ao redor do planeta.
Comunicação
A globalização das comunicações tem sua face mais visível na internet, a rede mundial de computadores, possível graças a acordos e protocolos entre diferentes entidades privadas da área de telecomunicações e governos no mundo. Isto permitiu um fluxo de troca de idéias e informações sem critérios na história da humanidade. Se antes uma pessoa estava limitada a imprensa local, agora ela mesma pode se tornar parte da imprensa e observar as tendências do mundo inteiro, tendo apenas como fator de limitação a barreira lingüística.
Outra característica da globalização das comunicações é o aumento da universalização do acesso a meios de comunicação, graças ao barateamento dos aparelhos, principalmente celulares e os de infraestrutura para as operadoras, com aumento da cobertura e incremento geral da qualidade graças a inovação tecnológica. Hoje uma inovação criada no Japão pode aparecer no mercado português ou brasileiro em poucos dias e virar sucesso de mercado. Um exemplo da universalização do acesso a informação pode ser o próprio Brasil, hoje com 42 milhões de telefones instalados [4], e um aumento ainda maior de número de telefone celular em relação a década de 80, ultrapassando a barreira de 100 milhões de aparelhos em 2002.
Redes de televisão e imprensa multimédia em geral também sofreram um grande impacto da globalização. Um país com imprensa livre hoje em dia pode ter acesso, alguma vezes por televisão por assinatura ou satélite, a emissoras do mundo inteiro, desde NHK do Japão até Cartoon Network americana.
Pode-se dizer que este incremento no acesso à comunicação em massa acionado pela globalização tem impactado até mesmo nas estruturas de poder estabelecidas, com forte conotação a democracia, ajudando pessoas antes alienadas a um pequeno grupo de radiodifusão de informação a terem acesso a informação de todo o mundo, mostrando a elas como o mundo é e se comporta[5]
Mas infelizmente este mesmo livre fluxo de informações é tido como uma ameaça para determinados governos ou entidades religiosas com poderes na sociedade, que tem gasto enorme quantidade de recursos para limitar o tipo de informação que seus cidadãos tem acesso.
Na China, onde a internet tem registrado crescimento espetacular, já contando com 136 milhões de usuários [6] graças à evolução, iniciada em 1978, de uma economia centralmente planejada para uma nova economia socialista de mercado [7] , é outro exemplo de nação notória por tentar limitar a visualização de certos conteúdos considerados "sensíveis" pelo governo, como do Protesto na Praça Tiananmem em 1989, além disso em torno de 923 sites de noticias ao redor do mundo estão bloqueados, incluindo CNN e BBC, sites de governos como Taiwan também são proibidos o acesso e sites de defesa da independência do Tibete. O número de pessoas presas na China por "ação subversiva" por ter publicado conteúdos críticos ao governo é estimado em mais de 40 ao ano. A própria Wikipédia já sofreu diversos bloqueios por parte do governo chinês[8].
No Irã, Arábia Saudita e outros países islâmicos com grande influência da religião nas esferas governamentais, a internet sofre uma enorme pressão do estado, que tenta implementar diversas vezes barreiras e dificuldades para o acesso a rede mundial, como bloqueio de sites de redes de relacionamentos sociais como Orkut e MySpace, bloqueio de sites de noticias como CNN e BBC. Acesso a conteúdo erótico também é proibido.
Qualidade de vida


Londres, a cidade mais globalizada do planeta.
O acesso instantâneo de tecnologias, principalmente novos medicamentos, novos equipamentos cirúrgicos e técnicas, aumento na produção de alimentos e barateamento no custo dos mesmos, tem causado nas últimas décadas um aumento generalizado da longevidade dos países emergentes e desenvolvidos. De 1981 a 2001, o número de pessoas vivendo com menos de US$1 por dia caiu de 1,5 bilhão de pessoas para 1,1 bilhão, sendo a maior queda da pobreza registrada exatamente nos países mais liberais e abertos a globalização[9].
Na China, após a flexibilização de sua economia comunista centralmente planejada para uma nova economia socialista de mercado [7], e uma relativa abertura de alguns de seus mercados, a porcentagem de pessoas vivendo com menos de US$2 caiu 50,1%, contra um aumento de 2,2% na África sub-saariana. Na América Latina, houve redução de 22% das pessoas vivendo em pobreza extrema de 1981 até 2002[10].
Embora alguns estudos sugiram que atualmente a distribuição de renda ou está estável ou está melhorando, sendo que as nações com maior melhora são as que possuem alta liberdade econômica pelo Índice de Liberdade Econômica[11], outros estudos mais recentes da ONU indicam que "a 'globalização' e 'liberalização', como motores do crescimento econômico e o desenvolvimento dos países, não reduziram as desigualdades e a pobreza nas últimas décadas" [12].
Para o prêmio nobel em economia Stiglitz, a globalização, que poderia ser uma força propulsora de desenvolvimento e da redução das desigualdades internacionais, está sendo corrompida por um comportamento hipócrita que não contribui para a construção de uma ordem econômica mais justa e para um mundo com menos conflitos. Esta é, em síntese, a tese defendida em seu livro A globalização e seus malefícios: a promessa não-cumprida de benefícios globais [13]. Críticos argumentam que a globalização fracassou em alguns países, exatamente por motivos opostos aos defendidos por Stiglitz: Porque foi refreada por uma influência indesejada dos governos nas taxas de juros e na reforma tributária [1].
Efeitos na indústria e serviços
Os efeitos no mercado de trabalho da globalização são evidentes, com a criação da modalidade de outsourcing de empregos para países com mão-de-obra mais baratas para execução de serviços que não é necessário alta qualificação, com a produção distribuída entre vários países, seja para criação de um único produto, onde cada empresa cria uma parte, seja para criação do mesmo produto em vários países para redução de custos e ganhar vantagem competitivas no acesso de mercados regionais.
O ponto mais evidente é o que o colunista David Brooks definiu como "Era Cognitiva", onde a capacidade de uma pessoa em processar informações ficou mais importante que sua capacidade de trabalhar como operário em uma empresa graças a automação, também conhecida como Era da Informação, uma transição da exausta era industrial para a era pós-industrial[14].
Nicholas A. Ashford, acadêmico do MIT, conclui que a globalização aumenta o ritmo das mudanças disruptivas nos meios de produção, tendendo a um aumento de tecnologias limpas e sustentáveis, apesar que isto irá requerer uma mudança de atitude por parte dos governos se este quiser continuar relevante mundialmente, com aumento da qualidade da educação, agir como evangelista do uso de novas tecnologias e investir em pesquisa e desenvolvimento de ciências revolucionárias ou novas como nanotecnologia ou fusão nuclear. O acadêmico, nota porém, que a globalização por si só não traz estes benefícios sem um governo pró-ativo nestes questões, exemplificando o cada vez mais globalizado mercados EUA, com aumento das disparidades de salários cada vez maior, e os Países Baixos, integrante da UE, que se foca no comércio dentro da própria UE em vez de mundialmente, e as disparidades estão em redução[15].

http://pt.wikipedia.org/wiki/Globaliza%C3%A7%C3%A3o