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domingo, 29 de novembro de 2009


PF investiga propina pra "Palácio Band": a casa caiu!
publicada em sábado, 28/11/2009 às 23:22 e atualizado em sábado, 28/11/2009 às 23:41



Esse é o Castelo de Areia? A Camargo Corrêa ajudou Serra a consertar encanamento do "Palácio Band"?

A "Folha" ficou tão preocupada em acusar Lula de "molestador sexual" que, na última sexta, "esqueceu" de dar uma notícia importante: as propinas que teriam sido pagas a políticos do PSDB em São Paulo, pela Camargo Corrêa.

O "Estadão" deu a notícia antes da "Folha". Saiu aqui - http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,documentos-indicam-mesada-de-empreiteira-a-politicos,473013,0.htm.

Foi tudo investigado pela PF, na "Operação Castelo de Areia".

Atenção: não confundir com o caso que envolve o governador do DEM em Brasília http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/arruda-o-chorao-amigo-da-veja-esta-sob-suspeita.

"Castelo de Areia" é outro caso. E muito mais importante, porque afeta o núcleo de poder do Serra.

Por coincidência, o ataque a Lula na "Folha" saiu no mesmo dia em que a PF concluiu a investigação sobre a "Castelo de Areia".

A "Folha" deu a noticia com um dia de atraso, porque estava empenhada em provar que Lula é um molestador sexual....

Tanto "Folha" como "Estadão" esconderam o fato principal. Na planilha das propinas, aparece uma indicação importante: doações ao "Palácio Band".

Veja como o "Estadão" descreve o fato: "Em outro arquivo, página 18, valores ao lado da expressão "Palácio Band" - 4 anotações, entre 8 de fevereiro e 30 de setembro de 1996, somando US$ 45 mil, ou R$ 46.165. Na última planilha, página 54, na coluna "Diversos" constam nove registros, um assim descrito: "14 de setembro de 1998, campanha política, Aloísio Nunes, US$ 15.780."

Ora. Imaginem se aparecesse uma planilha com a indicação "Palácio Planalto"? Imaginem! Estaria nas manchetes, durante semanas.

"Palácio Band" vocês acham que é o que?

A sede do governo paulista fica no Palácio dos Bandeirantes. Lá, vive o chefe da imprensa paulista.

Aloysio Nunes Ferreira nós sabemos quem é: chefe da Casa Civil de Serra.

Imaginem se fosse a Dilma? Estaria na manchete.

Leiam o texto do "Estadão", e reparem como a notícia saiu bem escondida...

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Documentos indicam mesada de empreiteira a políticos

AE - Agencia Estado
SÃO PAULO - A Polícia Federal (PF) concluiu a Operação Castelo de Areia - investigação sobre evasão de divisas e lavagem de dinheiro envolvendo executivos da Construtora Camargo Corrêa - e anexou ao relatório documento que pode indicar suposto esquema de pagamentos mensais a parlamentares e administradores públicos e doações "por fora" para partidos políticos. O dossiê é formado por 54 planilhas que sugerem provável contabilidade paralela da empreiteira. Elas registram dados sobre 208 obras e contratos da Camargo Corrêa entre 1995 e 1998, espalhados por quase todo o País e também no exterior - Bolívia e Peru.

Os repasses teriam ocorrido naquele período em favor de deputados federais, senadores, prefeitos e servidores municipais e estaduais. Em quatro anos a empreiteira desembolsou R$ 178,16 milhões. Em 1995, segundo os registros, ela pagou R$ 17,3 milhões. Em 1996, R$ 50,54 milhões. Em 1997, R$ 41,13 milhões. No ano de 1998, R$ 69,14 milhões. O que reforça a suspeita de caixa 2 é o fato de que os números alinhados aos nomes dos supostos beneficiários estão grafados em dólares, com a taxa do dia e a conversão para reais.

O Ministério Público Federal (MPF) poderá requisitar à Justiça o envio à Procuradoria-Geral da República dos dados referentes a autoridades que detêm prerrogativa de foro perante o Supremo Tribunal Federal (STF). Outra medida será a abertura de vários inquéritos para investigar as obras.

"Eu não conheço o documento, portanto não posso me pronunciar", disse o criminalista Marcio Thomaz Bastos, que coordena a defesa da Camargo Corrêa. Ele observou que o processo e o inquérito correm em segredo de Justiça. "É preciso lembrar que nessa mesma operação já foram divulgadas listas de nomes que depois se verificou dizerem respeito a doações absolutamente legais, declaradas à Justiça Eleitoral."

Planilhas

Na página 54, há quatro lançamentos em nome do deputado Walter Feldman (PSDB-SP). Cada registro tem o valor de US$ 5 mil, somando US$ 20 mil entre 13 de janeiro e 14 de abril de 1998. À página 21, outros 12 lançamentos associados ao nome Feldman, entre 26 de janeiro e 23 de dezembro de 1996 - US$ 5 mil por mês. O deputado indignou-se com a citação a seu nome.

Em outro arquivo, página 18, valores ao lado da expressão "Palácio Band" - 4 anotações, entre 8 de fevereiro e 30 de setembro de 1996, somando US$ 45 mil, ou R$ 46.165. Na última planilha, página 54, na coluna "Diversos" constam nove registros, um assim descrito: "14 de setembro de 1998, campanha política, Aloísio Nunes, US$ 15.780." Em 10 de novembro de 1995 o então senador Gilberto Miranda teria recebido US$ 50 mil.

A planilha "CPA", página 14, revela quatro pagamentos em 1996, todos supostamente destinados a partidos, denominados "clientes". Os destaques são de 21 de março, US$ 20 mil para "líder do PMDB, Milton Monti"; 19 de julho, US$ 200 mil para PMDB-PFL; 24 de julho, US$ 200 mil para PSDB-SP; 13 de setembro, US$ 270 mil para PSDB/PMDB/PFL/PPB. Em 1998, mostra outra planilha "CPA", foram pagos US$ 1,52 milhão em 10 parcelas a PSDB, PFL, PMDB, PPB e PTB. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Guerra no PSDB: Fernando Henrique virou ´contrabando´

publicada quarta, 25/11/2009 às 00:57 e atualizado quinta, 26/11/2009 às 17:29 | Comentários

Sou de um tempo em que o PT era apontado como o partido que perdia mais tempo em lutas internas do que no combate aos adversários. Acompanhei bem isso em 89/90/91, durante o mandato de Luiza Erundina na Prefeitura de São Paulo. As tendências petistas travavam um combate feroz, às vezes irracional... O que atrapalhou muito Erundina.

Pois bem. Hoje, é o PSDB quem vive situação parecida com a do PT de 20 anos atrás. Reparem bem. Só que a guerra tucana é surda, sem o debate público que caracterizava as disputas petistas. Mas é guerra do mesmo jeito.

Agora, assistimos a mais um capítulo. Em entrevista à radio Jovem Pan, Serra mostrou-se contrariado com a pesquisa CNT/Sensus que mostra o crescimento de Dilma. O governador paulista disse que a pergunta sobre a influência de FHC na eleição (tira votos de quem receber seu apoio) entrou como "contrabando" na pesquisa. O portal "Vermelho" traz um texto detalhado sobre isso - http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=120025&id_secao=1

Essa história de "contrabando" foi a maneira velada de Serra dizer a Aécio: "sei o que você está aprontando". E o que Aécio (que disputa a indicação presidencial dos tucanos com Serra) tem a ver com isso?

Ora, a pesquisa CNT/Sensus é patrocinada pela Confederação Nacional do Transporte, presidida pelo mineiro Clésio Andrade. Clésio foi vice de Aécio no primeiro mandato à frente do governo de Minas. Clésio faz o jogo de Aécio. Na hora da divulgação dos números, Clésio fez questão de ressaltar que a proximidade com FHC pode atrapalhar Serra; já estaria tirando votos de Serra.

O governador paulista sabe bem o que os mineiros estão tramando.

Não foi o primeiro golpe contra Serra.

Semana pasada, foi Cesar Maia (do aliado DEM) quem chamou Serra de "caudilho", e deu a entender que Aécio é melhor candidato.

A movimentação de Aécio também incluiu o encontro com Ciro - numa tentativa de encurralar Serra. Ciro deixou claro que fecha com Aécio.

A pesquisa, a crítica de Cesar e o encontro com Ciro mostram que Aécio entrou firme no jogo.

Serra não vai assistir a isso tudo calado. Podem esperar que o troco virá. Serra já usou jornalistas para mandar recados sobre a vida - digamos - desregrada de Aécio. O que mais virá?

Isso tudo seria apenas um capítulo menos importante da eleição, não fosse um detalhe: Serra, sem o apoio mineiro, não ganha a eleição. Dilma terá vantagem no Norte/Nordeste, e provavelmente no Rio. No Sul e em São Paulo, Serra deve levar vantagem (ainda que no Rio Grande do Sul a situação tucana seja dramática, por conta do desgoverno de Yeda). Resta Minas.

Se Aécio sair a senador, e encostar o corpo, Serra está frito. Que vantagem Aécio teria numa vitória tucana? Nenhuma.... Com Dilma no Planalto, dependendo da correlação de forças, Aécio pode ser o líder da oposição no Congresso. Ou até o presidente do Senado - num quadro de "pacificação" entre tucanos e petistas...

Da mesma forma, se Serra desistir, dificilmente fará campanha aberta por Aécio. O que ganharia com isso?Aécio presidente teria a chance de se recandidatar em 2014 - quando Serra estaria encerrando o segundo mandato de governador em São Paulo. Serra pode preferir uma vitória de Dilma. Se a petista for mal na presidência, ele (Serra) ganha a chance de concorrer pela oposição em 2014.

O xadrez tucano é complicado: as arestas se avolumam entre Serra e Aécio, FHC é um peso morto a se carregar, e Lula é um presidente popular depois de 7 anos de poder.

Diante desse quadro, resta a Serra falar besteira, como: "a economia não vai decidir a eleição" (ele disse isso na entrevista à "Jovem Pan").

A economia não vai decidir? O Brasil estará crescendo perto de 6% a 7% na véspera do pleito ano que vem. Dilma vai crescer junto.

Se a economia não vai decidir, o que vai decidir? FHC? Coitado: o príncipe dos sociólogos hoje é visto como "contrabando" em pesquisa...

E, para azar dos tucanos, além de tudo, o PT já não briga tanto. Enquanto a oposição erra, vacila e se perde, Lula atua como o general que conduz suas tropas sem desperdiçar energias.

Será que alguém pode explicar ao Serra o que vai decidir a eleição: "é o Lula, estúpido!".

http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/guerra-no-psdb-fernando-henrique-virou-contrabando

Cai o desemprego!


Desemprego é o menor do ano. Que horror ! Como o Lula faz uma coisa dessas ? Bye-bye …

26/novembro/2009 11:10

Esses negros não conhecem o seu lugar. Agora deram para trabalhar. Oxênte ! Um já se viu isso, Sinhàzinha ?

Esses negros não conhecem o seu lugar. Agora deram para trabalhar. Oxênte ! Um já se viu isso, Sinhàzinha ?

Saiu no IBGE :

Desemprego de outubro é o menor do ano: 7,5%.

Entre outubro de 2008 e outubro de 2009 a renda real do trabalhador brasileiro aumentou 3,2%.

Emprego, aumento da renda real do trabalhador e a desoneração de impostos que leva a nova classe média a comprar mais – clique aqui para ler mais sobre a irresponsabilidade do Lula, segundo O Globo – configuram uma situação de desorganização administrativa e caos econômico.

E ainda adoram esse homem como se fosse um Stalin – clique aqui para ver o que o Caetano diz dele, na primeira página do Globo.

Só mesmo o Zé Pedágio para evitar a queda abismal.

E olha que o Zé Pedágio é bom em quedas.

Clique aqui para ver como o Ciro trata o Zé Pedágio. E aqui para conhecer mais algumas quedas do Zé Pedágio.

Descubra também por que ele inaugura obra antes da licitação.

E não perca a trepidante enquete: em que a chuva ainda pode prejudicar o Zé Pedágio.

Paulo Henrique Amorim

Em tempo: o Conversa Afiada tem o prazer de re-publicar texto da Folha online, que mostra outra insensatez desse Stalin que nos governa: ele ousou reduzir o desemprego dos negros.

Além de tudo, é um racista: gosta de negro e nordestino !

Um horror :

18/11/2009 – 15h59

Desemprego entre negros cai para 16%, mas é maior do que entre brancos


Folha Online
O desemprego entre os negros caiu mais de 6 pontos percentuais entre 2004 e 2008, período de maior dinamismo da economia brasileira, mas ainda supera a falta de ocupação entre os brancos, segundo pesquisa do Seade/Dieese divulgada nesta quarta-feira.
De acordo com o levantamento, as disparidades na forma de inserção produtiva de negros e não-negros no mercado de trabalho da região metropolitana de São Paulo registraram queda entre 2004 e 2008.
No período, a PEA (População Economicamente Ativa) negra diminuiu sua participação de 37,3% para 36,6%, mas aumentou sua proporção de ocupados, de 77,5% para 84,0% e caiu a de desempregados, de 22,5% para 16%.
No caso dos não-negros, o desemprego caiu de 16,4% para 11,9% no mesmo intervalo.
O levantamento apontou ainda uma redução dos negros nos serviços domésticos (de 8,7% para 7,7%), o que aproxima a participação das raças nesse segmento, já que a participação dos não-negros caiu de 12,9% para 12%.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O SURPREENDENTE LULA


O SURPREENDENTE LULA

FHC, o farol, o sociólogo, entende tanto de sociologia quanto o
governador de São Paulo, José Serra, entende de economia. ??.

Lula, que não entende de sociologia, levou 32 milhões de miseráveis e
pobres à condição de consumidores; que não entende de economia, pagou
as contas de FHC, zerou a dívida com o FMI e ainda empresta algum aos
ricos.

Lula, o “analfabeto”, que não entende de educação, criou mais escolas
e universidades que seus antecessores juntos, e ainda criou o PRÓ-UNI,
que leva o filho do pobre à universidade.

Lula, que não entende de finanças nem de contas públicas, elevou o
salário mínimo de 64 para mais de 200 dólares, e não quebrou a
previdência como queria FHC.

Lula, que não entende de psicologia, levantou o moral da nação e disse
que o Brasil está melhor que o mundo. Embora o “PIG” – Partido da
Imprensa Golpista, que entende de tudo, diga que não.

Lula, que não entende de engenharia, nem de mecânica, nem de nada,
reabilitou o Proálcool, acreditou no biodiesel e levou o país
liderança mundial de combustíveis renováveis.

Lula, que não entende de política, mudou os paradigmas mundiais e
colocou o Brasil na liderança dos países emergentes, passou a ser
respeitado e enterrou o G-8.

Lula, que não entende de política externa nem de conciliação, pois foi
sindicalista brucutu, mandou às favas a ALCA, olhou para os parceiros
do sul, especialmente para os vizinhos da América Latina, onde exerce
liderança absoluta sem ser imperialista. Tem fácil trânsito junto a
Chaves, Fidel, Obama, Evo etc. Bobo que é, cedeu a tudo e a todos.

Lula, que não entende de mulher nem de negro, colocou o primeiro negro
no Supremo (desmoralizado por brancos), uma mulher no cargo de
primeira ministra, e pode fazê-la sua sucessora.

Lula, que não entende de etiqueta, sentou ao lado da rainha e afrontou
nossa fidalguia branca de lentes azuis.

Lula, que não entende de desenvolvimento, nunca ouviu falar de Keynes,
criou o PAC, antes mesmo que o mundo inteiro dissesse que é hora de o
Estado investir, e hoje o PAC é um amortecedor da crise.

Lula, que não entende de crise, mandou baixar o IPI e levou a
indústria automobilística a bater recorde no trimestre.

Lula, que não entende de português nem de outra língua, tem fluência
entre os líderes mundiais, é respeitado e citado entre as pessoas mais
poderosas e influentes no mundo atual.

Lula, que não entende de respeito a seus pares, pois é um brucutu, já
tinha empatia e relação direta com Bush – notada até pela imprensa
americana – e agora tem a mesma empatia com Obama.

Lula, que não entende nada de sindicato, pois era apenas um agitador,
é amigo do tal John Sweeny e entra na Casa Branca com credencial de
negociador, lá, nos “States”.

Lula, que não entende de geografia, pois não sabe interpretar um mapa,
é ator da mudança geopolítica das Américas.

Lula, que não entende nada de diplomacia internacional, pois nunca
estará preparado, age com sabedoria em todas as frentes e se torna
interlocutor universal.

Lula, que não entende nada de história, pois é apenas um locutor de
bravatas, faz história e será lembrado por um grande legado, dentro e
fora do Brasil.

Lula, que não entende nada de conflitos armados nem de guerra, pois é
um pacifista ingênuo, já é cotado pelos palestinos para dialogar com
Israel.

Lula, que não entende nada de nada, é melhor que todos os outros.

Pedro R. Lima, professor

(*) Em tempo: o texto enviado pelo amigo navegante já havia sido publicado anteriormente no Conversa Afiada. Ele foi postado pelo navegante Zequinha, como comentário sobre o postFHC: Dantas é “brilhante” e Lula “ignorante”. Ou o manual da inveja, publicado em 05/05/2009.

Duas Venezuelas

Duas Venezuelas, duas verdades

Por Lilia Diniz em 18/11/2009

Desde os primeiros meses de governo, o presidente da Venezuela Hugo Rafael Chávez Frías e os meios de comunicação daquele país estão em conflito. De um lado, o chefe do governo critica a atuação da mídia e a classifica de "golpista". Jornais, emissoras de rádio e TV acusam o presidente de autoritarismo, intimidação dos veículos de imprensa e de não aceitar críticas. É um país onde, de acordo com críticos da comunicação, a verdade já não interessa. Bandeiras propagandísticas e slogans ocuparam o lugar dos fatos concretos.

Para discutir o panorama político da Venezuela e a relação entre a imprensa e o presidente Chávez, o Observatório da Imprensa, da TV Brasil, preparou dois programas especiais. O jornalista Cláudio Bojunga, colaborador do programa, passou uma semana em Caracas, a capital do país, e produziu entrevistas com jornalistas, intelectuais e políticos para o Observatório. A primeira parte deste trabalho foi exibida na terça-feira (17/11) com a presença de Bojunga no estúdio do Rio de Janeiro, ao lado de Alberto Dines, para contar suas experiências nesta viagem.

Antes do debate no estúdio, em editorial, Dines comentou que a Venezuela está nas primeiras páginas há sete anos consecutivos, mas que a a mídia brasileira "ainda não se animou" a analisar com profundidade a conjuntura política daquele país. "Mesmo na condição de protagonista, a mídia não pode ignorar que também é observadora e mediadora. Sem mediação e intermediação, um conflito, qualquer conflito, corre o risco de explodir. O drama venezuelano torna-se cada vez mais premente na medida em que o demorado confronto fechou todos os acessos ao diálogo", afirmou.

A origem da polarização

No primeiro bloco do Observatório, Dines e Bojunga discutiram a conjuntura da qual emergiu o bolivarianismo de Hugo Chávez. A reportagem explicou que em 1988 houve um sangrento levante em decorrência de um severo pacote econômico. Em seguida, o sistema político tradicional entrou em crise e, em 1992, um grupo de militares tentou derrubar o então presidente Carlos Andrés Pérez. O grupo exigia a revisão da política econômica e o combate à corrupção. Hugo Chávez, um dos participantes do movimento, foi preso.

A socióloga Maryclen Steeling, do Observatorio Global de Medios, disse que o processo de "fratura da legitimidade e das lealdades" ocorrido nos anos 1980 foi conseqüência da fragilização dos partidos, dos poderes da República e dos bancos. Com a falência do sistema político, os meios de comunicação substituíram os partidos. "Em 1998, o presidente Chávez sai em propaganda eleitoral e se converte em um político emergente que ascende vertiginosamente e ganha a eleição com um discurso voltado aos excluídos, à dignificação da pobreza. Era um discurso de centro-esquerda e aparentemente era um candidato com um discurso que não necessariamente ia romper com o uso e o costume político-eleitoral em Venezuela", analisou.

O candidato era apoiado por grupos econômicos e sociais e pela mídia. Mas ao ser eleito, surpreendentemente não recompensou as forças que o apoiaram, como é costume na política. Não cumpriu a "lei de reciprocidade". Maryclen Steeling disse que em seu primeiro discurso deixou claro que não iria governar com os tradicionais grupos de poder, que passaram a suspeitar de suas ações. O discurso de Chávez começou a dirigir-se às camadas excluídas. Imediatamente, os meios de comunicação e os grupos econômicos passaram a olhar com suspeita o novo presidente.

Chávez questionava a democracia representativa e exaltava a democracia participativa. Ao propor a lei das terras e das águas, atemorizou os proprietários de terras. Como todos os presidentes da Venezuela, pediu poderes habilitantes. Com a mudança no panorama político, a mídia passou para a oposição. A polarização surgiu quando Chávez quis retomar a legitimidade perdida pelos partidos tradicionais, e que agora estava nas mãos dos meios de comunicação.

Imprensa como partido político

Desde os anos 1990, os profissionais de imprensa "tomaram o rumo" de líderes políticos, de formadores da opinião pública. "A discussão que antes acontecia nos partidos políticos e na arena pública se transfere para os meios de comunicação, fundamentalmente a televisão. E a discussão adquire uma lógica televisiva", disse Maryclen Steeling.

O ex-guerrilheiro Teodoro Petkoff, que foi ministro do governo Rafael Caldera (1994-1998) e atualmente é diretor do jornal oposicionista Tal Cual, explicou que a grande mídia venezuelana está vinculada aos interesses dos grandes grupos econômicos – que chegaram a afirmar poder derrubar ou colocar um presidente no Palácio Miraflores. Ao chegar à presidência, Chávez encontrou esses grupos com um comportamento mais de partidos políticos do que de meios de comunicação. Os partidos estavam enfraquecidos. De um lado estava o governo e do outro, a mídia.

"O governo tem avançado na criação do que ele mesmo denomina como uma `hegemonia comunicacional´. Não se trata de um propósito igual ao soviético ou ao cubano, simplesmente só um meio de comunicação estatal, em detrimento dos demais. É uma coisa mais astuta, mais complexa, que é criar um enorme aparato comunicacional a princípio do Estado, mas não é do Estado e não é do Governo. É de Hugo Chávez", comentou.

A reportagem explicou que em 1999 a nova Constituição trocou o nome do país para República Bolivariana da Venezuela. O texto eliminou o Senado, ampliou o mandato presidencial, reduziu a jornada de trabalho e desapropriou latifúndios. O bolivarianismo reivindicava as idéias de Simon Bolívar, o Libertador da Venezuela, que também lutou pela independência da Colômbia, da Bolívia, do Peru e do Equador. De Bolívar, Chávez encampou os ideais da educação do povo, da integração latino-americana e também o alerta para os riscos representados pelos interesses dos EUA. Mas esqueceu-se do caráter autoritário do herói.

Imprensa para quê?

No início do debate no estúdio, Dines comentou que os dois depoimentos exibidos convergiam quanto à origem da polarização. Deixaram claro que "a democracia era fictícia" e que a mídia preenchia o vazio deixado pela política. Para Bojunga, eles estão de acordo com a gênese de Hugo Chávez. O homem "carismático e messiânico" era resposta a uma república falsa. Chávez incomodou a mídia porque é o tipo de político que quer ter "uma interlocução direta com a massa, com a rua". Com estas características, se converte em um político que não precisa do poder constituído do Parlamento nem da mediação dos meios de comunicação.

No segundo bloco do programa, Dines e Bojunga discutiram a radicalização política ocorrida depois do golpe contra o presidente venezuelano e a greve petroleira, em 2002. A reportagem mostrou que em abril daquele ano, após uma greve geral que resultou na morte de 13 pessoas, um grupo de oficiais anunciou a renúncia de Hugo Chávez e colocou em seu lugar o empresário Pedro Carmona, da organização patronal Fedecámaras. Suas primeiras medidas foram a dissolução do Congresso e a demissão dos juízes do Supremo Tribunal. O então presidente dos Estados Unidos, George Bush, conferiu legitimidade ao novo governante. A Venezuela se dividiu. Chávez foi reconduzido ao poder por uma facção do Exército e contou com o apoio de milhares de partidários.

"O setor opositor tinha suficiente força militar, civil, econômica, midiática e da igreja para derrotar Chávez, e conseguiu. O problema foi que, em menos de 48 horas, houve um reagrupamento da força militar e popular em favor de Chávez, que surge, reage e afasta os golpistas. Quando regressa da prisão, ele observa que as forças que o enfrentaram estão intactas, têm a mesma força, menos as Forças Armadas, que foram depuradas com a permissão do comandante", explicou Eleazar Díaz Rangel, diretor do jornal Ultimas Notícias.

Sem conversa

Após a tentativa de diálogo com diferentes setores da sociedade, em dezembro, a oposição organizou uma greve patronal que durou mais de 60 dias. A produção de petróleo caiu drasticamente e a crise afetou transportes, bancos e produção de alimentos. André Cañizalles, integrante do Centro de Investigación de la Comunicación da Universidade Andrè Bello, avaliou que o golpe foi um erro da oposição venezuelana e que contribuiu para radicalizar o processo. Para Cañizalles, o início do governo Chávez foi mais plural, e a radicalização começou em 2002.

"Este é um momento, em 2002, que a mídia em geral e as grandes cadeias de televisão se aliaram abertamente contra o governo, perderam a perspectiva crítica que têm de ter em relação aos outros poderes: econômicos, políticos, a oposição. E creio que ali cometeram muitos outros graves erros, justamente alimentando uma posição política que se reduzia a tirar o Chávez do poder", disse. A mídia silenciou sobre a volta do presidente venezuelano ao poder e isso foi nocivo à democracia, na opinião de Cañizalles. A presença de Chávez no comando do país, mesmo que não se concorde com ela, correspondia ao desejo da maioria que o elegeu.

Na volta do debate ao vivo, Dines destacou que, mais uma vez, os entrevistados tinham posições políticas diferentes mas concordaram que a mídia radicalizou e não soube exercer o seu papel. Bojunga avaliou que a mídia partidarizada teve o "seu pior papel" em 2002. Uma prova disso é que o golpe nasceu em um estúdio de televisão, na Venevisión. "Enquanto as ruas pegavam fogo, a mídia se omitia. As televisões colocavam no ar desenhos de Tom & Jerry", lembrou. O jornalista explicou que o posicionamento dos meios de comunicação foi apoiado pela "América de Bush".

Dines comentou que a polarização é travada sobretudo na arena televisiva. Bojunga explicou que Chávez tem consciência do poder de penetração da televisão nas camadas mais pobres da sociedade, por isso concentra suas ações na mídia eletrônica. "Mas a imprensa escrita, na medida em que a crise vai avançando, o projeto hegemônico comunicativo se implantando e as violências surgindo, vai na verdade desenvolver um papel crítico extremamente importante", analisou Bojunga.

A verdade que não interessa

O terceiro e último bloco do programa discutiu a polarização do país ocorrida a partir de 2002. Para Maryclen Steeling, a conciliação parece impossível mesmo para um povo culturalmente pacífico porque as partes envolvidas não estão interessadas em pedir perdão nem em perdoar. É necessária uma avaliação psicossocial, mas os atores sociais não estão dispostos a chegar a um acordo.

"Paralelamente transitam duas Venezuelas, duas verdades e duas representações midiáticas que estão como que em calçadas opostas. Aqui está o país bolivariano e aqui está o país da oposição. Nos olhamos pela rua, mas não vamos atravessar a rua para dar a mão porque não nos perdoamos", destacou Maryclen. Ela disse ainda que a batalha ideológica na Venezuela transcorre na mídia – privada e estatal – e não através os canais políticos. E quem alimenta a impossibilidade de conciliação é própria a mídia. Há uma "guerra civil midiática", uma guerra psicológica, na opinião da socióloga.

Ewald Sharfernberg, do Instituto Prensa y Sociedad (IPYS), avaliou que a polarização torna cada vez mais difícil a convivência das diferenças. "Cada vez o outro é menos humano e mais uma coisa. É uma espécie de diabo que pensa coisas equivocadas e a quem eu tenho direito de suprimir. E isso, em termos de convivência social, é uma tragédia", avaliou. Cria-se um ambiente no qual não só é difícil estabelecer a verdade, como também ninguém deseja que ela seja apurada.

O ringue televisivo

"A primeira vítima da polarização é a verdade. Na realidade, existe um lado que espera uma versão da realidade e um outro, que espera outra versão da realidade; e qualquer matiz entre eles é visto como uma traição. E isto tem feito com que o jornalismo seja outra vítima desta polarização, porque os meios não estão muito interessados nesse jornalismo, mas sim em divulgar posições políticas. E o público também não está esperando se informar", criticou Ewald Sharfernberg. O cidadão acompanha a imprensa para confirmar suas posições. Busca notícias apenas nos veículos identificados com sua posição política. Neste cenário, não só é difícil encontrar a verdade, como também "ninguém deseja que se estabeleça a verdade", afirmou.

Para Teodoro Petkoff, a Venezuela não tem canais para processar suas diferenças. "De um lado, temos um governo que se diz de esquerda – mas que acho fascistóide; não fascista, fascistóide –, que se considera a si mesmo a encarnação da Justiça, da Verdade, da História. Em consequência, trata todos que se opõem a seus métodos como inimigos. Não têm o direito de se opor à justiça, à Verdade, à História. Típico dos fundamentalismos da esquerda e da direita. Negam a existência do outro. É um governo que demoniza a oposição, não distingue matizes nela", disse. Em suma: classifica todas as correntes da oposição de "golpistas" e não dialoga.

André Cañizalles disse estar preocupado com o "processo de deterioração" ocorrido na Venezuela nos últimos meses. No final de julho deste ano, 34 estações de rádio foram fechadas. "Persiste um discurso muito agressivo em relação aos meios, muito questionador por parte do presidente Chávez. Eu acredito que isso ajuda e tem alimentado ações como a que se viveu em agosto, quando um grupo de jornalistas da cadeia Capriles [do Ultimas Noticias] foi agredido brutalmente nas ruas de Caracas. Estavam com uns cartazes pedindo liberdade de expressão e foram espancados", disse.

Ewald Sharfenberg avaliou a polarização: "Se você consome a imprensa chavista terá um olhar do mundo que exclui completamente o que é importante para a outra imprensa, e vice-versa. A imprensa de oposição tem um olhar que não inclui feitos que são muito relevantes para os outros meios. Isso me parece uma imagem de que vivemos em uma espécie de esquizofrenia: a verdade será uma cor ou outra cor, porque não há cores intermediárias".

[O segundo e último programa da série será exibido em na terça-feira, 24/11]

***

Guerra civil midiática

Alberto Dines # editorial do Observatório da Imprensa na TV n. 528, exibido em 10/11/2009

 

A Venezuela está nas primeiras páginas há sete anos consecutivos. Sempre acompanhada por sua mídia. Mas a mídia brasileira ainda não se animou a oferecer um relato amplo e contextualizado sobre uma crise que se alastra pelo continente e transborda perigosamente para outras esferas.

Mesmo na condição de protagonista, a mídia não pode ignorar que também é observadora e mediadora. Sem mediação e intermediação, um conflito, qualquer conflito, corre o risco de explodir. O drama venezuelano torna-se cada vez mais premente na medida em que o demorado confronto fechou todos os acessos ao diálogo. Os rancores correm soltos e nestas circunstâncias é imperioso soar os alarmes para evitar uma ruptura incontornável.

Este Observatório da Imprensa foi criado dentro do pressuposto de que a liberdade de expressão é um direito fundamental, inalienável, intocável, cláusula básica do regime democrático. Mas o dever de informar com isenção é a sua decorrência obrigatória, imediata.

Nosso compromisso com a busca da paz e do entendimento reforça a nossa convicção de que guerras e confrontos não são soluções, só provocam outras guerras e confrontos. Este compromisso levou-nos a enviar a Caracas uma equipe especial: o experimentado jornalista e autor Claudio Bojunga e o diretor José Araripe Jr.

Ouvimos as partes, mas não somos juízes – abdicamos da tentação de apontar quem tem razão. Nos contentamos apenas em mostrar as razões de cada grupo, certos de que a mídia não pode ser convertida em campo de batalha.